Educação profissionalizante

EJA-EPT supera as expectativas e se consolida na região do sul de Minas

Em diversas cidades, o início das aulas dos cursos profissionalizantes do projeto EJA-EPT (Educação de Jovens e Adultos integrada à Educação Profissional e Tecnológica) superou as expectativas. É o caso de Ilicínea, Botelhos e Três Corações, onde os alunos vêm mostrando grande interesse na busca por uma qualificação profissional.

O início do curso de Laboratorista de Solos, em Ilicínea/MG, atraiu, inicialmente, 54 inscritos em duas turmas. A professora Joice de Oliveira Bueno explica que esses cursos são extremamente importantes para os alunos da EJA, pois representam uma segunda chance para conquistarem algo que foi interrompido em suas vidas: a educação. “A união do ensino básico com a formação profissionalizante é uma combinação poderosa, que dá as ferramentas necessárias para eles enfrentarem o mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, realizarem um sonho pessoal”.

Sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos, a professora contou que nos primeiros dias de aula, a adaptação ao ambiente escolar e às exigências acadêmicas foram os maiores desafios. Além disso, a familiarização com as novas tecnologias têm sido um desafio, especialmente porque alguns têm pouco ou nenhum contato prévio com o mundo digital.

Após 28 anos dedicados ao trabalho como jornaleira na cidade do Rio de Janeiro e enfrentando desafios pessoais, a aluna Maria de Fátima Torres, decidiu retomar os estudos assim voltou para a cidade de Ilicínea. E viu, no projeto EJA-EPT, a oportunidade de transformar sua vida e realizar um sonho antigo: trabalhar com a terra. Maria está finalizando o ensino médio e cursando, em paralelo, a formação profissionalizante em Laboratorista de Solos.

“Meu desafio é conciliar toda essa nova dinâmica educacional e realizar meu sonho que é o de me formar no ensino médio e ser Laboratorista de Solos e, futuramente ter minha própria lavoura de café”, compartilha Maria.

Botelhos

O curso de Operador de Tratamento de Águas e Efluentes, oferecido na Escola Estadual João de Souza Gonçalves, conta com a participação de 20 alunos. Wellington Júnior Domingos, educador com 12 anos de experiência, destaca a relevância dessa modalidade educacional. Ele enfatiza que esses cursos podem mudar a trajetória profissional dos alunos, permitindo que saiam de situações insatisfatórias para posições mais promissoras no mercado de trabalho, que busca cada vez mais profissionais qualificados, independentemente da idade.

Aos 59 anos, Celso de Assis Santana também decidiu retomar os estudos. Ele contou que a sua motivação não vem apenas da necessidade de melhorar sua qualificação profissional, mas também de um desejo de aprender e se adaptar às constantes mudanças do mundo. “ A maior parte de minha vida foi na roça como tratorista e pedreiro. Fiz de tudo um pouco e vejo que agora posso me aperfeiçoar”.

Três Corações

Laissa Rodrigues Guimarães, aos 22 anos, trabalha como auxiliar de produção e interrompeu seus estudos no primeiro ano do ensino médio para se dedicar aos cuidados de sua filha. Aluna do curso de Operador de Tratamento de Águas e Efluentes , ela conta que escolheu este curso porque reflete o seu desejo de superar as limitações do passado e buscar um desenvolvimento pessoal e profissional que lhe permita contribuir de maneira significativa para a sociedade.

Outra aluna do curso, Daniela Helena Augusto de Sousa, 28 anos, deixou os estudos em 2014 para se dedicar à maternidade. Por três anos, a ideia de voltar a estudar pairou em sua mente, mas a hesitação e a rotina exigente como mãe a faziam adiar essa decisão. Com a chegada do EJA-EPT na cidade, a luz da esperança acendeu-se em seu coração. “Vi uma oportunidade não apenas de concluir o ensino médio, mas também de me especializar na área de Operador de Tratamento de Águas e Efluentes, um campo que promete um futuro promissor em minha região".

William Sanches
Jornalista do Projeto EJA-EPT