Entre línguas e culturas
Professor do Campus Pouso Alegre conta suas experiências como intérprete de Libras
Com o objetivo de divulgar as ações desenvolvidas no Centro de Línguas do IFSULDEMINAS – Campus Pouso Alegre, o CELIN promoveu uma palestra com o professor Johnny Cesar dos Santos, com o tema "Confissões de um intérprete de libras: entre línguas e culturas". A atividade reuniu discentes, docentes e a comunidade externa. “Foi uma oportunidade tremenda de aprender mais sobre a língua dos sinais através de uma pessoa que já conviveu muito tempo interpretando, então, teve uma relação direta com pessoas surdas”, disse o estudante João Gabriel da Costa Silva - 2º ADM.
Na palestra, o professor recordou os tempos que atuou como intérprete, as dificuldades enfrentadas e o aprendizado adquirido. “Aprendi muito sobre o respeito ao espaço do outro e não querer impor minha cultura ao outro. O intérprete é um intermediador e tem que fazer isso com responsabilidade, sabendo respeitar duas culturas. Quando faço essas memórias, retroajo no tempo para falar da minha experiência e é sempre isso que me vem à mente: o quanto eu aprendi com a comunidade surda”.
Segundo Johnny, a profissão de intérprete de Línguas ainda é marcada por alguns estereótipos e nem sempre é reconhecida como uma profissão que exige muito estudo. “Atuei por oito anos como intérprete antes de ser professor. Nessa palestra também quis alavancar a profissão, mostrar as vantagens e a responsabilidade que há por trás de um tradutor de Libras”.
Professora no Instituto Fellipe Smaldone, que atende pessoas com deficiência auditiva em Pouso Alegre, Wanessa Ferreira do Nascimento disse que a palestra foi motivadora. “Tudo o que já aprendi num curso anterior de Libras eu já venho colocando em prática e quero ir além, fazer uma faculdade na área para ensinar melhor os meus alunos. No início não é fácil, fiquei com medo, mas por amar essa língua quero aprender cada dia mais”.
Durante a palestra, Johnny recordou de um episódio familiar que presenciou enquanto era intérprete. Para ele, é importante que a família também se interesse pela Língua dos Sinais. “Muitas vezes a própria família do surdo não se interessa por aprender a língua que é rica e proporciona ao surdo o aprendizado de diversas coisas. Os pais seriam os principais incentivadores da língua dentro de casa”.
O aluno João Gabriel falou de sua experiência com uma colega no transporte escolar de sua cidade, Conceição dos Ouros, até Pouso Alegre. “Ela estuda no Instituto Fellipe Smaldone porque na nossa cidade não tem um lugar adaptado pra ela”. Aluno do IF, João acredita ser muito importante que outros alunos sejam motivados a aprender Libras. “Penso que eles (surdos) tem receio de ir para uma escola normal pela dificuldade de comunicação. Seria interessante estimular os alunos a aprenderem Libras para nos adaptarmos a essa língua para quando tivermos um aluno surdo aqui”.
Assessoria de Cominicação
IFSULDEMINAS – Campus Pouso Alegre