Saúde Mental
Estudantes do integrado participam de evento sobre adoecimento mental
Bullying e suicídio foram alguns dos temos abordados
Durante três dias, os alunos dos cursos técnicos integrados ao ensino médio participaram de palestras, rodas de leitura, assistiram filme e puderam discutir a ‘Saúde Mental no contexto escolar’. Durante esses momentos, eles ouviram e também puderam falar sobre temas como bullying e suicídio.
“Para mim foi uma conversa muito necessária porque é algo que eu sofro todo dia. É muito necessário a gente olhar pra dentro de si mesmo e melhorar como pessoas. Cada palavra que ouvimos hoje vai ficar guardada e, em momentos futuros eu vou lembrar”, disse Amanda Oliveira Andrade , aluna do 2º ADM.
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), um percentual superior a 40% dos estudantes adolescentes admitiram ao Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), já ter sofrido com a prática de “bullying”, de provocação e de intimidação. Atualmente, o Brasil é um dos países com maiores índices de violência escolar, sobretudo pelo bullying, que consiste em um conjunto de violências que se repetem ao longo de um período.
O bullying é uma prática coletiva que pode ocorrer de diferentes maneiras, através de ameaças, empurrões, destruição de materiais, intimidações, discriminação, apelidos pejorativos, constrangimentos em público, risadinhas, isolamentos, comentários maldosos sobre a vida pessoal da vítima, dentre outras atitudes agressivas.
Por vergonha ou medo de represálias, quem passa por esse tipo de situação não costuma dividir o sofrimento com ninguém. As consequências para a vítima é o adoecimento tanto físico como emocional, sendo os mais comuns ansiedade, angústia, depressão, irritabilidade, isolamento social, alterações no sono ou no apetite, etc. “O papel da escola, familiares e colegas é de observarem, analisarem e identificarem pessoas com sofrimento psíquico para poderem ouvi-las, acolherem e sugerirem ajuda psicológica ou psiquiátrica quando o quadro exigir”, disse Ricardo de Aguilar Lopes Chácara, psiquiatra que ministrou a palestra "Vamos falar de vida?", durante a Semana da Saúde Mental no Campus.
O sentimento de não ser bem-vindo, de experimentar a exclusão e a sensação de menos-valia, pode fazer com que algumas vítimas, em razão da dificuldade de lidar com a situação, tomem atitudes drásticas como uma forma de fugir daquilo que as deprimem. Assim, há casos em que o adoecimento pode levar a ideias suicidas. “Jovens que sofrem qualquer evento estressor podem gerar sofrimento psíquico e psicológico que pode desencadear desesperança e ideação suicida. Sempre importante a escola prevenir e proibir bullyings e fazer o acolhimento dos jovens que sofrerem bullying”, disse o psiquiatra.
Para o professor Johnny Cesar dos Santos, sobretudo os colegas têm um papel muito importante nesse processo, não apenas o de ouvir uma vítima de bullying, mas o de ser a pessoa que não levará a agressão adiante. “O bullying é um processo coletivo, relacionado à questão do poder, do se tornar popular. O nosso papel é de chamar à consciência e não continuar aquele assunto. Ignore, saia da roda ou chame a atenção, cortando aquele ciclo”.