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Semana da Consciência Negra

Publicado: Quinta, 22 de Novembro de 2018, 14h44 | Última atualização em Sexta, 23 de Novembro de 2018, 12h00

Exposições, teatro, dança e debates marcam as comemorações da data no Campus Pouso Alegre


Dia da consciencia negra 15Pelo segundo ano, o IFSULDEMINAS – campus Pouso Alegre promoveu variadas atividades para celebrar o dia da Consciência Negra comemorado no dia 20 de novembro, em todo o país. Este ano, o tema da semana foi “As vozes negras na cultura brasileira, reconstruindo modelos”. O objetivo é mostrar a atuação da população negra dentro da formação da cultura brasileira, repensando o lugar do negro na sociedade, de uma maneira ampla e diversa. Entre as atividades teve teatro, dança, música, exposições de fotos e livros, cinema, roda de conversa, congada e capoeira.

“Nesta semana, pensamos em estabelecer um diálogo entre várias áreas do conhecimento como a literatura, a música, o teatro, a fotografia e trazer nesse diálogo um novo modo de se pensar e enxergar o negro na sociedade brasileira. Queremos trazer uma nova roupagem do negro no Brasil, a de que eles conseguiram oportunidades, que atingiram os espaços sociais. Esse diálogo entre os saberes nos mostra uma outra faceta dos negros no Brasil”, explicou o professor, Lucas Xavier da Costa Firmino.

Ex-aluno do Campus, Igor de Souza encarnou o personagem de um escravo nos palcos e pode sentir na pele o sofrimento de seus antepassados. “Graças a Deus nunca passei por isso, mas meus bisavós passaram. Eles não puderam passar isso pra mim, mas hoje, com o teatro eu pude vivenciar isso”. Igor falou sobre o preconceito que o negro ainda sofre no Brasil. “Tínhamos que parar de ver negro, branco, indígena e ver apenas o indivíduo, porque enquanto nossa percepção for essa, sempre vamos achar que o negro está abaixo da sociedade. Somos quase 60% da população, mas somos tratados como a minoria”.

Para a professora de Literatura, Elisângela Aparecida Lopes, celebrar o dia da Consciência Negra é trazer à tona, discussões como as políticas raciais (sistemasDia da consciencia negra 1 de cotas) e reconhecer que a sociedade brasileira ainda traz consigo o ranço de um pensamento escravista. “Enquanto essa igualdade não for alcançada é preciso celebrar os espaços da negritude no Brasil e celebrar as conquistas da população negra brasileira. A sociedade brasileira precisa se emancipar desse pensamento racial e não há outra forma de fazer isso que não seja por meio das políticas raciais e das políticas educacionais como uma pequena parcela que estamos contribuindo com essa semana de reflexão sobre a presença do negro na sociedade”.

Para a aluna do curso de Administração Letícia Garcia da Silva, o brasileiro precisa começar a rever seus valores e refletir sobre o respeito ao ser humano. “Acho importante ressaltar a questão da consciência, mas não deveria ser apenas um dia. Hoje é dia da consciência negra, então eu vou respeitar o negro hoje. Isso deve acontecer o ano inteiro. Os reflexos da escravidão ainda estão muito presentes mas não é impossível de mudar, basta que isso parta de nós mesmos”.

Apresentação de Congada

Dia da consciencia negra 22Uma das atrações da Semana da Consciência Negra do Campus Pouso Alegre foi a Congada. O grupo veio da cidade de Machado, onde existem 32 grupos de ternos de Congo, mantidos pela Associação de Congadeiros do Município.

Para o presidente da Associação, Cláudio Aparecido de Carvalho, celebrar o dia da Consciência Negra é mostrar à sociedade que os negros existem, que são a maioria no país, que sofreram, mas que é possível transformar as lágrimas em manifestações como a Congada. Para Cláudio, comemorar a data  é necessário porque a população brasileira ainda não tem a consciência do respeito pelo ser humano. “Os troncos, os grilhões ainda não foram desmanchados. Temos pessoas acorrentadas nos corredores dos hospitais, professores acorrentados dentro de escolas, mulheres casadas escravas de seus maridos, jovens escravos das drogas, então, pra falar de consciência humana, temos que libertar todos esses outros escravos que ainda existem na sociedade brasileira. Temos que tratar como iguais todos os seres humanos pois somos uma raça só, mas essa raça se dividiu em cores diferentes porque o Criador tem a capacidade de criar cores e formas diferentes. Então, quem sou eu pra dizer que as cores que Ele pintou o mundo não me agrada. Se as cores e as paisagens da vida não agradam você, então é você que precisa mudar o seu ponto de vista”.

Ascom/Campus Pouso Alegre

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